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Pe. Armando Pietrobelli (8/7/1927-10/7/2006)


CONCEIÇÃO - Caxias do Sul, 08 de julho de 1927

Caxias do Sul, 10 julho de 2006



No anoitecer do dia 10 de julho de 2006, Deus chamou para si nosso confrade pe. ARMANDO ETTORE PIETROBELLI

Ninguém podia imaginar que isto pudesse acontecer assim tão de repente, pois nestes últimos anos ele mesmo dizia estar bem de saúde. Um fulminante enfarte cardiorrespiratório lhe tirou a vida. No sábado, dia 8 de julho, os confrades da Casa Provincial se uniram à comunidade de Fazenda Souza para a celebração dos 79 anos de vida do pe. Armando, num momento de confraternização. O encontro celebrativo e festivo foi muito bonito. Após o tradicional canto dos parabéns, ele fez o discurso de ocasião. Breves palavras, carregadas de agradecimentos a Deus pela vida, pelos dons, pelas pessoas que colaboraram em seu viver. Agradeceu muito e, sobretudo, destacou ser um dom da Santíssima Trindade, o poder viver. Parecia aos presentes que ele queria comunicar uma boa notícia, um encontro com alguém importante. Estava feliz, contente. Talvez pressentisse o encontro real, pessoal com a Santíssima Trindade que iria acontecer dois dias depois.

Pe. Armando foi chamado à vida em 8 de julho de 1927 através de seus pais Virgílio e Adelina Pietrobelli, em Conceição da Linha Feijó, Caxias do Sul. Com apenas 8 anos iniciou sua vida seminarística, primeiro em Ana Rech e depois um dos primeiros seminaristas do Seminário de Fazenda Souza em 1941. Em Fazenda Souza fez o noviciado e também o estágio. Cursou Filosofia em São Leopoldo e concluiu a Teologia em 1953 quando foi ordenado sacerdote. Portanto serviu a Igreja durante 53 anos. Uma vez sacerdote esteve trabalhando no internato de Ana Rech. De lá esteve atuando no Antigo Abrigo de Menores São José, hoje Centro Técnico Social. Voltando a Ana Rech em 1962 assumiu a direção do Colégio. Depois voltou ao Abrigo em Caxias também como Diretor. De novo em Ana Rech e depois também por alguns anos em Araranguá. Foi pároco da Paróquia de Ana Rech de 1980 a 1983. Mais uma vez voltou a trabalhar em Caxias no Centro Técnico Social. Desde 1988 esteve no Seminário em Fazenda Souza, como educador dos jovens seminaristas.

Como vamos recordar o pe. Armando? Corno um homem de vasta cultura. Um exímio professor de Português. Também com tino poético. Sobretudo um bom declamador de poesias, tudo feito com muita paixão. No dizer do Prof. Mário Gardellin, pe. Armando vai ser recordado pelos Centros de Tradições Gaúchas, por ter sido um propagador apaixonado do tradicionalismo gaúcho. Pe. Antônio Lauri de Souza destaca que era entusiasta das tradições e lidas campeiras, bebeu com prazer o jeito gaúcho de ser, e também de manifestar a fé. De lenço vermelho no pescoço sobre a batina preta, à celebração da missa que criou. Demonstrou muita sabedoria e competência não apenas como padre, como religioso, como educador, mas também na partilha de conhecimentos em campo da agropecuária. Com este particular saber granjeou a estima de muitos fazendeiros, que se tornaram seus amigos, e por serem amigos, irmãos de caminhada.

Um padre bom, capaz de fazer amizades e capaz de orientar com segurança as pessoas para os caminhos da santidade. Sempre preocupado com o bem das famílias, defendendo o amor e o respeito mútuo entre pais e filhos. O testemunho disto o temos na descrição de dona Isabel Troian dos Leigos Amigos de Murialdo, que diz: "Um padre com grande capacidade intelectual que sabia ser terno e generoso ao mesmo tempo. Deixava-se acolher e amar pelas pessoas que dele se aproximavam devido ao seu jeito humilde, simples, dócil e bondoso. Quando se dirigia a alguém era para transmitir algum ensinamento, com muito humor. Preocupava-se com o bem do próximo e fazia-se presente nos momentos mais difíceis com palavras de consolo e conforto, especialmente para os acometidos por algum sofrimento. O último encontro, as últimas palavras, com nossa família foram no sábado, dia 8 de julho. Poderia ter sido um encontro semelhante aos de todas as manhãs, quando vinha buscar o leite... mas este foi diferente. Pe. Armando sempre sorridente, deu seu bom dia e apertou a mão de todos. Conversou alegremente e até comentou sobre a brevidade da vida. Depois se despediu dizendo em dialeto italiano:

"Vardê defarpulito " - Olhem de fazer sempre o bem ".

Como sacerdote acolhemos e testemunhamos o que nos diz a Irmã Enedina Smiderle das Irs. Murialdinas: «Padre Armando foi, por diversos anos, Capelão da Comunidade das Irmãs Murialdinas de Fazenda Souza, deixando um testemunho muito bonito de coerência, fé, amor ao sacerdócio e à vida consagrada. Diariamente estava conosco, desde cedo, para celebrar a missa que ele estimava imensamente e o fazia sempre com muito fervor, permeando-a de profundas reflexões. Seus temas preferidos eram a fé, o amor, o perdão e a misericórdia de Deus, a vida fraterna em comunidade, a vida interior e a vontade de Deus. Distinguiu-se muito pela humildade, simplicidade, muito fraterno e transparente; atento e disponível, compreensivo, profundo conhecedor da vida e sábio orientador espiritual. Tinha sempre presente a vida eterna como plenitude do nosso viver cotidiano. Estava sempre pronto pare atender confissões e dizia que ele se sentia mais sacerdote, quando podia dar o perdão em nome de Deus ".

Já o professor Valter Susin, o lembra como esportista, sendo técnico e integrante do time de futebol do Grêmio Esportivo Murialdo de Ana Rech. Portanto alguém que desenvolveu seus dons em múltiplas direções para educar e para deixar felizes as pessoas que com ele estavam.

Um homem situado no tempo de hoje em busca de soluções adequadas. Quantas vezes os diálogos feitos com ele, partiam de constatações, de evidências, mas também de propostas sérias para melhorar. Que o digam os confrades, lembrando seus questionamentos no último retiro da província, interrogando a todos sobre verdades de fé, sobre a identidade de um religioso que não vive o testemunho do que assumiu em sua vida consagrada.

Sua dedicação na educação dos jovens seminaristas foi feita através de palestras formativas e, sobretudo, ministrando a eles aulas de Português e de outras criatividades, especialmente no tocante ao falar bem, para ser bem entendido. Não media esforços para isto quando solicitado.

Um bom padre, organizado, trabalhador, sempre que a saúde lho permitiu. Sim, porque Pe. Armando foi também experimentado em sua vida por uma longa doença. Antes uma inesperada depressão e depois problemas cardíacos. Ainda com dificuldades, mas com esperança foi superando tudo para continuar em sua missão de educador, de sacerdote a serviço da igreja.

O Servo de Deus padre João Schiavo, que foi o padrinho da primeira missa do pe. Armando, certamente glorificará a Deus, porque seu afilhado cumpriu com seu lema sacerdotal: "Vós sereis minhas testemunhas até os confins da terra".

Pe. Armando, ficamos na saudade. Do céu, junto ao Coração de Jesus, de Nossa Senhora, intercede por nós teus confrades, pelos seminaristas que tanto amaste, pelos teus familiares, e por tantos, tantos amigos e amigas que soubeste conquistar com tua presença amável.

pe. Geraldo Boniatti

Provincial


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